14 maio, 2008

As filosofias prostitutas

Michele Barbosa Lima de Oliveira


Em cada fase da minha vida procuro um novo paradigma. Na realidade, ele acaba se apresentado sem que eu precise procurá-lo. Se apresenta, não pelas formas convencionais, mas pelo exercício diário e individual, porém não solitário, de percepção da diversidade dentro de mim. Em cada movimento, em cada passo, observo uma nova realidade se abrindo bem na minha frente. Mutação. Essa é a palavra de ordem. No mundo material, a transformação é necessária. A estagnação é a morte. Por isso, quem vive, necessita movimentar e modificar o que aprisiona e o impede de evoluir. O mundo vive uma mesmice, em parte causada pela pobreza tão festejada pelos grandes detentores do “ouro de tolo” que a justificam com ideologias não compreendidas pela grande massa faminta por dignidade e um prato de farinha. Alguns afirmam que o capitalismo é o único modelo que deu certo no mundo. Mas que eu saiba, o “mundo” jamais experimentou outro modelo. Os poucos que tentam, são abandonados no meio do “deserto” como se fizessem parte de outro mundo. Mas Cuba está na Terra! Cuba faz parte desse sistema e seus habitantes são seres humanos! Será que existe dúvida a esse respeito? Percebo que tudo nesse mundo está às avessas. O capitalismo imposto da maneira como se apresenta, é desumano, arbitrário e fomenta a miséria, que por sua vez, reverte muitos dólares em favor dos opressores. O planeta está morrendo em prol de uma filosofia prostituta que não considera os doentes de fome nem os famintos por saúde. E viva a opressão, a miséria e a carnificina de crianças que acabaram de nascer e de velhos que, há muito, suportam o próprio corpo como se fosse um fardo pesado e dolorido a ser carregado. Em nome do dinheiro e poder, seres humanos são torturados até a morte, sem jamais entender a mente doente dos que acreditam terem comprado o mundo. As bestas repetitivas que teimam fazer parte da casta falida dos pseudo – intelectuais e que vomitam pensamentos retrógrados e nada inovadores acerca dos problemas vividos pela humanidade, também contribuem para a mesmice do mundo. As frases são repetidas e desperdiçadas numa velocidade incrível, atingindo os que são condicionados a não raciocinar e que por isso, acabam pegando carona em frases plagiadas, sem conteúdo e formuladas por quem se beneficia por sua semelhança com os que não pensam, mas sabem fingir preocupação. Cada dia que passa minha alma, como que clamando por decência, suplica mutação. Precisamos perceber o mundo tal como se apresenta, porém, certo de que necessitamos dele para continuar caminhando. Necessitamos resgatar dentro de nós a humanidade, a compaixão, a decência e a ética que há muito se tornaram absolutamente dispensáveis para o alcanço do sucesso e do poder. A grande revolução está por vir. E esta se fará silenciosa, como deve ser. Sem guerra, sem armas, sem morte. Sem filosofias baratas que atendem ao mercado consumidor de futilidades. Sem filosofias e métodos desprovidos de conteúdo e vendidos em busca de prestígio e dinheiro.
Cada um de nós, cada vez mais sincronizados com a vontade e objetivo de nossas almas, faremos a maior e mais esperada revolução vista nesse mundo. Uma revolução que tenha como ideal o resgate do ser humano, das suas crenças e convicções absolutamente desvinculadas de dogmas e prisões filosóficas impostas. Uma revolução livre. Individual. Sem hierarquia ou mártir. Uma revolução em prol de toda a humanidade, da vida e da verdadeira liberdade.
Esse é o ideal que carrego. Essa é a revolução que há tempos espero. Esse é o caminho que desejo seguir, individualmente, em prol do tão sonhado “melhor da vida e do mundo”. E quem sabe assim, voltaremos a ser humanos.


20/03/2007